terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mamãe, eu quero ser mulherzinha, e agora?

Quando nos deparamos com o final ou quase final de uma fase das nossas vidas, é comum surgir um misto de alguns sentimentos: ansiedade, medo, angústia, expectativa, esperança. Na verdade, não alguns, mas todos eles.
Nessa fase da minha vida que se aproxima, o medo atropelou todos os outros e, inclusive, passou por cima da expectativa. Não. Acho que medo e expectativa andam sempre juntos.
Quando nascemos, o médico corta o cordão umbilical, o que deveria, em tese, separar nosso corpo do da nossa genitora. O doutor só esquece-se de cortar o cordão umbilical da expectativa. A expectativa nos acompanha desde a nossa primeira respiração até a última batida do nosso coração.
Ao nascer já jogam uma carga de “tomara que” sobre o pobre serzinho que acaba de vir ao mundo. Ao invés de tomara que ele seja o que ele quiser ser, o que costumamos fazer é: tomara que seja bonito como o pai e inteligente como a mãe, tomara que seja jogador de futebol, ou advogado, médico, bailarina, astronauta; tomara que continue com esses olhos azuis, tomara que o cabelo dele cresça, que a primeira palavra seja mamãe, que ele goste de meninas, e por favor, tomara que seja bem dotado. Ou, se for menina, Deus queira que não seja puta.
Alguém se lembra de perguntar o que NÓS queremos que-tomara-que-aconteça-tudo-isso? Não. Conforme crescemos, tomara que o menino seja pegador, tomara que a menina seja virgem, PRA SEMPRE. Depois, tomara que curse aquela faculdade, que arrume um namorado rico e case cedo (o enxoval já está pronto).
As meninas são criadas desde a barriga da mamãe pra que casem e tenham filhos. E não me diga que é um pensamento antiquado. Por que nossos presentes geralmente são bonecas, fogõezinhos, roupinhas? Por que não nos dão um estetoscópio, uma pasta, um jogo de raciocínio lógico? Eis a resposta, porque meninas de família devem ser literalmente meninas de família. Uma família, de preferência bem grande, cheia de fraldas pra trocar, bebês chorando, cachorros latindo, brinquedos no chão da sala e panelas no fogão.
Depois que crescem, as meninas ganham Barbies. Aquela boneca de cinturinha fina, peitão e medidas perfeitas (ai, que inveja). E aí, começa a revolução feminina. Pelo menos a minha. A minha Barbie tinha um nome de artista de Hollywood, dividia o namorado com a irmã, trabalhava até tarde, transava todas as noites e, pasmem, não tinha filhos nem cachorros. Ainda usava um decotão de arrancar suspiros do Ken (coisa que até hoje eu não consigo).
A mamãe, pelo contrário, nunca me preparou pra um casamento; e apesar de ter me preparado pra vida lá fora (essa vida de agora), ela nem fazia idéia de tudo que eu iria encontrar. É mais ou menos como a música do Zezé, só que ela não conhecia toda pedra que eu iria por o pé.
E hoje, mamãe, eu que nunca deixei o cordão umbilical ser cortado totalmente, agradeço por não ter me preparado pra ser uma mulherzinha que só quer casar, mas tenho que confessar: eu quero casar. Além disso, quero também ter uma vida profissional, panelas no fogo, crianças chorando e cachorrinhos querendo atenção. Quero ser uma mulher Bombril. E o que isso tem a ver com expectativa? Tem a ver com a minha expectativa. A sua pode ser uma casa grande, mil amigos, um amor, fama e dinheiro. A minha, é um apê na cidade, uma casa na praia, dois cachorros, três filhos, um amor, um emprego, um carro da hora, algumas viagens no currículo e momentos felizes pro resto da vida. Final feliz. Melhor, vida feliz.
E o que eu me pergunto, agora, nessa fase da vida que se encerra é: será que eu vou chegar perto de uma delas? Que seja pelo menos da vida feliz. Amém.

 Esse texto e da minha  talentossissíma amiga @DaniBallardin
que AINDA não tem blog, mas tem #Twitter e sempre solta umas boas e irônicas frases.
Espero que gostem!! Beijos!!

@WelenMedeiros



10 comentários:

  1. Amiiga amei de paixão o texto, e achei super parecido com vc. Te desejo hoje e sempre uma "vida feliz"
    Bjuss te amoo
    @IlmaraaRibeiro

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  2. Que texto liiiiiindo. Eu adorei loucamente esse texto, sério mesmo.
    Beijos amores.

    www.deliriosdeconsumista.com.br

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  3. Texto muito fofo Welen, passa seu email pra mim? bjzx passano http://popnewsmusic.blogspot.com

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  4. Tu é simplesmente uma LINDA!!! Adoreeei. Obrigada pela divulgação. BEIJO BEIJO. Que pena que eu não te tenho aqui pertinho.

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  5. Realmente medo e expectativa sempre andam juntos!

    beijinhos
    http://deliriosdeconsumosa.blogspot.com/

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  6. Oi querideza!
    Vim agradecer pela msg de carinho no meu níver!
    Bjo, Bjo, Tatty

    http://suspirofashion.blogspot.com/

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  7. Que texto incrível! Essa menina preciiiiisa criar um blog! Beijos

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  8. Gente, amei!!!
    Sou uma pessoa que adora refletir!
    Antes, vivíamos basicamente isso: meninas, cresçam e se tornem excelentes esposas e mães!
    Agora: meninas, cresçam, não dêem mole para seus maridos, casem tarde e filhos? Isso TEM que esperar!
    Que saco! Agora, se por acaso falarmos na nossa vontade de preaparar uma comida para o marido, somos o que? Bobas e submissas!
    Fala sério?! Não podemos criar um equilíbrio não né?! Gente, chega de esteriótipo! Vamos ser o que queremos ser e pronto!
    Beijos meninas!
    Parabéns pelo texto!

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  9. Ah, tenho mais 2 textos. Um antigo, e um que escrevi ontem. Se alguém tiver interesse, me add no MSN: daniballardin@hotmail.com

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  10. Muitoooo bomm!
    ameiii o textoooo!!!!

    Bjaoooo Welen!
    www.atelieannarocha.wordpress.com

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